sábado, 14 de março de 2009

Quem tem medo da lingua portuguesa? Corrigida pelo acordo ortográfico antigo.


Não podemos ver a nossa língua como um problema

A linguagem (várias formas de expressão) é construída pela sociedade. È comum ouvirmos as pessoas falando de outros, ou de si mesmas, que não sabem falar direito, ou não sabem escrever. Tais sugestões são impossíveis de acontecer para um falante e sua primeira língua. A explicação é simples: somos nós ,os falantes, que construimos a língua que falamos no momento em que a usamos e em toda a nossa vida.
Pode a linguagem existir sem uma sociedade que a utilize? Na minha concepção, baseada em meus estudos lingüísticos e sociais, não existe uma língua solta no ar, ou, melhor, escrita numa gramática do ano de 1500 ou em textos do grande Camões, por exemplo. Digo isto porque as gramáticas que existem por aí, ou, pelo menos, as mais conhecidas, usam o modelo de um português que não é mais usado por nós.
Em relação à fala, as críticas são sempre contundentes, ou seja, aquela pessoa fala errado, é uma ignorante. Pensem que nós não somos reprodutores de um tipo de língua, por exemplo, usada por um tipo de extrato social, portanto, usamos a língua do grupo ao qual pertencemos. A quem faz esses comentários, no mínimo por falta de conhecimento do que é a linguagem, pode-se perguntar: somos todos reprodutores de uma língua a nós impingida por alguns setores sociais ou por gramáticos de séculos passados? Certamente que não, já que a língua é viva, pois só existe nas relações sociais.
De acordo com Silva (1996), desde o Brasil Colônia houve um policiamento social em relação à oralidade brasileira e o cultivo de um ideal lusitanizante que, de certa maneira, perdura até nossos dias. Exemplo disto é o Parecer do Conselho Federal de Educação de 1975, de autoria de Abgar Renault, que propunha medidas para solucionar o problema do ensino a partir da aplicação de uma disciplina gramatical rigorosa, de acordo com princípios de concordância e regência exigidos pelo pensamento lógico, além do estabelecimento de normas para o controle da mídia e dos editores. Além disso, o mesmo Conselho, em 1976, criou uma comissão com o propósito de estudar a carência lingüística dos estudantes, bem como de propor medidas saneadoras.
Outra comissão foi criada pelo Ministério da Cultura, em 1986, para o aperfeiçoamento do ensino/aprendizagem da língua materna, gerando um documento intitulado “Diretrizes para o aperfeiçoamento do ensino/aprendizagem da língua materna” que sugeria propostas para o ensino de 1° e 2° graus, envolvendo o desenvolvimento de uma “língua de cultura”, ou seja, uma única língua em primeira instância, deixando-se, novamente, outras línguas relegadas ao ostracismo social.
Bakhtin, em seus estudos sobre a linguagem, chama a atenção para o fato de que existe um vínculo orgânico entre o uso da linguagem e a atividade humana, pois não falamos no vazio, os enunciados que produzimos estão sempre relacionados às esferas do agir humano, têm tema, organização composicional e estilos adequados às finalidades e condições de cada atividade realizada. Tal pensamento esclarece a complexidade existente nas práticas de linguagem bem como das atividades humanas e, conseqüentemente, à permanente mutação nos gêneros do discurso. Bakhtin, assim, dá importância à historicidade dos gêneros, ou seja, reconhece que estes não são fixos, imutáveis, mas sim sempre abertos à mudança e ao novo. Se uma esfera da atividade humana, por exemplo, torna-se mais complexa, o repertório desta se torna diferente do que era antes, além de ficar mais amplo. Os gêneros se hibridizam de forma contínua, mantendo, porém, certa similaridade e, desta forma, realizam importantes funções sociocognitivas, orientam nossa compreensão das ações dos outros e das nossas próprias ações.
Faraco (2003) explica que:


Tanto para Medvedev quanto para Bakhtin, envolver-se em uma determinada esfera da atividade implica desenvolver também um domínio dos gêneros que lhe são peculiares. Em outras palavras, aprender os modos sociais de fazer é também aprender os modos sociais de dizer.(Faraco, p.196).


Portanto, mesmo uma pessoa que domina bem sua língua pode se sentir incapaz em algum momento, em contato com uma esfera social desconhecida para ela justamente por não dominar o repertório deste gênero.
Bakhtin propõe, também, em seus estudos uma classificação dos gêneros em primários e secundários. Os primários seriam os da vida cotidiana como, por exemplo, a conversa familiar ou as narrativas espontâneas, entre outros. Os secundários aparecem em uma comunicação cultural mais elaborada como os usados nas atividades artísticas, científicas, políticas, filosóficas, jurídicas, de educação formal etc.
Soares (1986) considera:


... o ensino de língua materna, entre nós, vincula-se a uma pedagogia conservadora, que vê a escola como instituição independente das condições sociais e econômicas, espaço de neutralidade, de que estariam ausentes os antagonismos e as contradições de uma sociedade dividida em classes. Na verdade, é uma escola que se põe a serviço dessa sociedade, quando, no ensino da língua materna, elege o dialeto de prestígio, a que só têm acesso as classes dominantes, como a língua legítima, que usa e quer ver usada.A partir de tal pressuposto, a prática pedagógica julga a linguagem do aluno como errada em relação à norma, isto é, do dialeto de prestígio, impondo a substituição pura e simples do dialeto que o aluno utiliza, sem perceber as múltiplas determinações de uso de um dialeto.(Soares, p. 77)


Gnerre (1985, p.7) declara a esse respeito: “Os cidadãos, apesar de declarados iguais perante a lei, são, na realidade, discriminados já na base do mesmo código em que a lei é redigida”. Isto ocorre pelo fato da maioria dos cidadãos não ter acesso ao código ou ter possibilidade reduzida de acesso como conseqüência da norma pedagógica utilizada pela escola.
A par disso, o processo histórico que legitima uma variedade é complexo, porém de profundo interesse para os que trabalham em educação e com a formação de professores. A variedade culta é sempre associada à escrita, à tradição gramatical, inventariada em dicionários, além de portadora de uma tradição cultural e de uma identidade nacional. No processo de legitimação deve ser ressaltada a criação de mitos de origem como aconteceu no caso da instituição da gramática das línguas românicas, visando justificar sua superioridade em relação a outras variedades da época. Além disso, a língua descrita pelos gramáticos tem como função impor uma norma à diversidade, guardando seu poder político e cultural.
Desta forma, entende-se os motivos que levaram o Marquês de Pombal a definir o português como língua oficial e nacional do Brasil por meio do Diretório de 3 de maio de 1757, primeiro para o Pará e o Maranhão e, em 1758, estendido a todo o Brasil. Estava, então, ameaçado o português, pois já vigorava a língua oficial da costa (o tupinambá) nas escolas dos jesuítas e outras línguas indígenas eram utilizadas na intercomunicação familiar. Só na Constituição de 1988 é que foi feita uma modificação na caracterização da língua portuguesa, passando esta a língua oficial o que permitiu, então, que os povos indígenas, que usam mais de 170 línguas diferentes, passassem a usá-las como língua de berço, podendo alfabetizar em sua própria língua.
Assim, se as palavras encerram crenças e valores codificados pela classe dominante, imobilizadas na variedade padrão, esta variedade torna-se um instrumento de poder, legitimado também pela escola que serve aos interesses de tal classe, seja de forma consciente ou não.
Se as pessoas envolvidas no processo educativo tivessem conhecimento da origem das instituições sociais e o significado e funções destas fossem explicitados em cursos de formação, não haveria, por exemplo, a perpetuação do ensino de uma gramática normativa fora da ideologia de sua instituição.
Abaixo, uma grande e triste verdade.
Gnerre (1985, p.16) acrescenta: “A começar do nível mais elementar de relações com o poder, a linguagem constitui o arame farpado mais poderoso para bloquear o acesso ao poder”.
Joyce Sanchotene

sexta-feira, 13 de março de 2009

Conhece Portshead?

Reviver a Mafalda

Selo presente






Recebi do Bypoesia http://bypoesia.blogspot.com
Regras:

1. Indicar e linkar a pessoa que te indicou.
2. Postar as regras do selo/meme em seu Blog.
3. Indicar 3 festas ou baladas que te deram orgulho de ter participado.

Baladas:

1ª. Apresentação Do Luciano Pavarotti em Curitiba
2ª. Show do Paul Mcartney em Curitiba
3ª. Show do Pear Jam em Curitiba

Recomendo:


Repasso:
Luz de Luma
Bala Salgada
Lobo Reporter

terça-feira, 10 de março de 2009

Leila Dinis: a desbravadora




Leila Diniz
Ainda em tempo, trago uma dica de livro de uma mulher da qual muito ouvi falar e, mais tarde,pude assistiraos filmes dos quais participou. Até hoje tenho uma forte impressão pela desbravadora que foi.


Uma revolução na praia
Joaquim Ferreira dos Santos

Descrição

A história da mulher brasileira não pode ser escrita sem um capítulo inteiro dedicado a Leila Diniz (1945-72). Filha de um líder do Partido Comunista, ela foi protagonista da primeira produção de novela da Globo, em 1965; participou no cinema das comédias de Domingos Oliveira e dos filmes experimentais de Nelson Pereira dos Santos, no ciclo do desbunde. No teatro, estava na revista tropicalista Tem banana na banda. Leila teve um currículo de realizações artísticas expressivas em sua curta trajetória de 27 anos, mas nada se compara à contribuição que deixou para a história do comportamento feminino. Com sua espontaneidade e alegria, convicta na dedicação de se mover apenas pelo prazer e pela liberdade, ela ajudou a traçar um novo papel para a mulher na sociedade brasileira. Sempre sem discurso, sem palavras de ordem, sem colocar o homem como inimigo do projeto. É nesse contexto, de uma autêntica revolucionária, sobrevivente também de uma infância dramática, que o jornalista Joaquim Ferreira dos Santos apresenta a biografia da atriz, em um novo lançamento da coleção Perfis Brasileiros, coordenada por Elio Gaspari e Lilia M. Schwarcz. Desde a adolescência, em que Leila perambula pelos bares de Copacabana e Ipanema, até os dias em que foi julgada, num programa de TV, e condenada como nociva à sociedade, o autor conta as grandes passagens da vida da atriz. Na célebre entrevista concedida ao Pasquim (1969), figura de toalha amarrada na cabeça, escandalizando a sociedade e o governo militar por seus inúmeros palavrões e suas posições avançadas sobre sexo e comportamento. Em 1971, grávida, mostra a barriga na praia, mudando a moda e os modos. No teatro rebolado, vestia-se de vedete, maiô cheio de plumas. Abandonada pelas feministas, tachada de alienada pela esquerda e de vagabunda pela direita, Leila foi afastada da TV Globo, porque no entender da autora Janete Clair não havia papel de prostituta nas novelas seguintes. Sem trabalho, aceitou o convite para participar de um festival de cinema na Austrália. Na volta, morreu num acidente de avião, deixando uma filha de sete meses e o Brasil de luto. Um extenso caderno de fotos, e uma cronologia com os principais acontecimentos no Brasil e no mundo, mostram tudo sobre a "moça que", nas palavras de Carlos Drummond de Andrade, "sem discurso nem requerimento soltou as mulheres de vinte anos presas ao tronco de uma especial escravidão".
Detalhes
Título: Leila Diniz
Subtítulo: Uma revolução na praia
Autor: Joaquim Ferreira dos Santos
Editora: Companhia das Letras
Texto e foto extraidos de folhaonline
Dicionário inFormal

O dicionário de português gratuito para internet, onde as palavras são definidas pelos usuários. Uma iniciativa de documentar on-line a evolução do português.
Não deixe as palavras passarem em branco, participe definindo o seu português!


http://www.dicionarioinformal.com.br/

Blog Ebooks Grátis
(http://www.gutenberg.org/

ANGÚSTIA

As minhas angústias
São amargas
Como o polém...
Elas vivem negras
E tem gosto de açúcar.
As minhas angústias
adormecem somente minhas.
Não navegam como o céu
Azul... turquesa, visto
Com outros olhos...
Detalhes de uma vida.
Vida apenas vista, enquanto
e padeço
Num sótão de alegrias
Mortas.

Um dia triste - 03/04/00 Xandy Britto

Dica de livros

Links legais

http://blogs.abril.com.br/agora

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