Imagens de ilustrações de Maxfield Parrish para o conto"Ali-Babá e os quarenta ladrões"
O valor de cada um ( circulando na internet)
Adriana Vandoni
Na semana passada ocorreram dois casos emblemáticos. Um em meio ao desastre ocorrido em Santa Catarina, e, por mais doloroso que toda aquela destruição causou, foi de lá que veio uma luz emblemática sobre o valor do nosso povo. O outro ocorreu na câmara dos deputados.
Enquanto a Comissão de Ética (sic) da Câmara inocentava Paulinho da Força, aquele sindicalista profissional, que subiu na hierarquia e se tornou deputado desviando recursos do FAT (fundo de amparo ao trabalhador) e se diz vítima de perseguição política, em Santa Catarina o povo lutava para sobreviver em meio ao desastre. Um morador, já idoso, tentava de todo jeito convencer um bombeiro a deixá-lo entrar na sua casa, interditada pela defesa civil. Apreensivo, o idoso explicou que precisava pegar um carnê de prestação de uma moto. Ao ver que o bombeiro ficara surpreso com aquilo, o senhor lhe disse: “olha, eu não quero perder o único bem que ainda me resta: o meu nome; eu tenho que pagar o carnê que está vencido”.
Essa é a questão. O valor do nome. Alguns têm um nome a honrar, outros não se incomodam e muito menos perdem sono ao serem denunciados ou pegos roubando. Pior: riem e debocham. Essas pessoas que saem, sabe-se lá de onde, tornam-se políticos tendo parâmetros de honra distorcidos ou simplesmente não os tendo.
Fartam-se do produto do seu roubo, valem-se da complacência dos seus pares e se resguardam na frouxidão da lei e no famigerado “cabe recurso”.
Certa vez eu estava falando com o afilhado de um político de Mato Grosso, talvez o político mais medíocre que já tenha surgido por estas bandas, e, durante a conversa não muito amigável, o afilhado, que ocupava a diretoria de uma estatal, referiu ao seu padrinho com uma frase: “eu confio mais no deputado Fulano que em meu pai”. Eu respondi: “cada um sabe o pai que tem e sendo seu pai, eu acredito em você”. Nunca soube se ele entendeu o que eu quis dizer, o que sei é que a falta de caráter do político acabou o levando à Câmara Federal. Deve estar fazendo lá o mesmo que sempre fez aqui, e, se por acaso for pego no flagra, certamente contará com a complacência dos seus pares tão ou mais corruptos que ele.
Essas pessoas de parâmetro de honra distorcido acreditam que o bem mais valioso que possuem é o poder e para aumentá-lo e preservá-lo, estão dispostos a tudo. Tudo mesmo. Aprenderam a seguir a cartilha de que o dinheiro compra o poder. E neste país, compra mesmo; se não compra... “cabe recurso”. O dinheiro lhes garante um próspero futuro, só não lhes compra um passado digno. Mas quem se importa com isso???
Site: www.adrianavandoni.com.br
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